PEREGRINO

Voou paisagens fazendo novenas
sangrou muita dor secando feridas
pincelou telas brancas pintando açucenas
galgou labirintos em paixão desmedida...

Rasgou as entranhas da vida
caminhou por fios de luar
buscou vãs acolhidas
um navio de sonhos... soltou ao mar...

Ah! Esse meu eu... eterno peregrino,
atravessou azuis poentes
versejou tal qual menino
um amor latente, sempre insistente...

Cruzou a Via Láctea já nebulosa
enfrentou marés em rebeldias incontidas
tantas vezes se fez açucena formosa
perdeu-se entre sonhos natimortos e angelicidas...

Passou por todos os caminhos
fez-se flor e também espinho
conheceu as agruras da vida
labutou e venceu a lida...

Sempre em busca da perfeição
fez sua explícita revolução
atravessou o milênio com galhardia
mas não me fez nítida radiografia...

Não me percorreu totalmente...
Não sei se...
Por incompetência ou covardia!