Sou

Imanência

um pouco parva

de tanto

se alarga

quando quer sentir

ou meramente respirar

sem ninguém

notar

Sou

Um amor

que nunca se viveu

mas muito

demasiado

sofreu

Sou

Um cantor

de rima fácil

porque sempre gostei

dos caminhos

mais ágeis

mas nem por isso

menos frágeis

Sou

Uma estrela

que brilha

só para mim

porque quando se aproximam para me observar

queimam-se

porque há astros estranhos

há astros assim...

Sou

Um mapa confuso

entre o destino

que quero ser

e o outro

a que nada me leva

mas é nesse

que por vezes

me apetece permanecer

Sou

O sorriso de uma criança

à Beira mar

ela bem quer ir para o desconhecido

mas tem medo

de nunca

mais voltar

Sou

Um beijo suave

em plena madrugada

beijo perdido no tempo

que com ele sou tudo

mas sem ele

sou nada

Sou

Uma lágrima

deitada

pela saudade

pela ausência

que nunca viu o chão

pois os meus anjos da guarda

a levaram

pelos caminhos

da imensidão

Sou

O epilogo

de uma bela história

de encantar

onde os poemas levam-me ao céu

mas a prosa

faz-me

da terra

nunca levantar

porque as palavras

essas Rainhas

essas borboletas

são a razão

de mil e um poemas

mas é na dura e fria prosa

que eu me sinto a respirar

as histórias são complicadas

os sentimentos confusos

mas são as histórias

que eu mais gosto

de contar...

Sou