DESASSOSSEGO

Abelha ensandecida, fere o botão

da rosa...

Mal sabia, tola abelha

que o perfume, raro exalar

desprendido das pétalas

que se abrem

Inebriam, encantam, seduzem...

A rosa não desabrochou

Insensato peregrino

ferido pelo espinho

esmaga o botão

... seu florir, matiz que extasia

não foi contemplado...

Oh! sinos que dobram, ouçam o lamento que se ergue

na alvorada,

Colha os frutos, singela mão, que a noite verteu

Cálice de dor advindo do céu,

Mirras que fecundam as sombras do vale

Veste adornada em tons rubro-negro

fio escarlate a minar na terra que sangra...

Açoita os verdes mares areia incandescente

Famigerada lua, a vencer tempos e eras

Blasfêmia do profundo que à tona escancara

Inquiridor olhar, no céu do pensamento....

Sandra Vilela (Eternellement)
Enviado por Sandra Vilela (Eternellement) em 23/02/2011
Reeditado em 23/02/2011
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