DESASSOSSEGO
Abelha ensandecida, fere o botão
da rosa...
Mal sabia, tola abelha
que o perfume, raro exalar
desprendido das pétalas
que se abrem
Inebriam, encantam, seduzem...
A rosa não desabrochou
Insensato peregrino
ferido pelo espinho
esmaga o botão
... seu florir, matiz que extasia
não foi contemplado...
Oh! sinos que dobram, ouçam o lamento que se ergue
na alvorada,
Colha os frutos, singela mão, que a noite verteu
Cálice de dor advindo do céu,
Mirras que fecundam as sombras do vale
Veste adornada em tons rubro-negro
fio escarlate a minar na terra que sangra...
Açoita os verdes mares areia incandescente
Famigerada lua, a vencer tempos e eras
Blasfêmia do profundo que à tona escancara
Inquiridor olhar, no céu do pensamento....