TERREMOTO
Do alto de minha janela
(No décimo primeiro)
Vejo em panorâmica
Todas as edificações
De uma cidade
De papel...
Uma cidade em que os prédios
Balançam
Desmancham e
Rasgam
Com imensa docilidade...
Espero sedento
O desfecho d'um terremoto
A qualquer momento
A qualquer momento...
Quase o sinto acontecer
(Mas dizem que no Brasil
Não há tremores de terra)
Pois eu, em mim,
Tremo tudo o que há por tremer
Tirito os olhos nas fraturas dela,
A minha bela cidade de papel
E ela, como um castelo de cartas
Desmancha-se aos meus pés...
Desmorona no meu próprio peito
Esse terrível defeito de caráter
Do solo estável do meu país
Agora,
Resta-me
Reconstruir
O que sozinho
Deitei ao chão