FALAR DE COISAS ABSTRATAS
És tu que falas
De coisas abstratas...
Dizes da flor,
da fruta,
da lata,
da bala,
da barata
Apontas a lua,
o caracol
a rua,
o cachecol
Tudo o que depende do teu ver
Do teu tocar, do teu saber,
Do teu cheirar...
E o que é ver a não ser
Constatar a certeza absoluta
Do que não se sabe?
Todo matéria é retrátil e frágil
Feito são os laços
Da tua insustentável vida...
De concreto
Nesta nossa lida
Só azar e sorte...