Num frágil silêncio, por um tempo permaneci.
Hoje, deste cativeiro reflexivo, abria a porta e sai.
 
Sou feita de intermináveis êxodos e superações,
Não deixo que levem ou manipulem minh’alma.
Por e ela eu luto, grito, atormento e sou atormentada.
São estes movimentos que me fazem humana,
Com eles supero atitudes, imponho limites,
Me liberto desta guerra fria,
Onde o medo de saber quem se é, vicia,
E nos faz se perder na pluralidade do mundo.
 
Saio deste profano abismo profundo,
Que tenta me deturpar e manipular,
Que tenta o potencial me retirar,
Que tenta me fazer fraquejar,
Que quer me afastar de mim,
E na preguiça existencial estagnar,
Tornando-me prisioneira assim.
 
Mas, me rebelo e reflito,
Questiono, recrio e me renovo.
 
Procuro minhas verdades,
Nesta árdua e cruel realidade,
Onde tudo podemos, mas, nem tudo devemos.
 
Hoje não serei prisioneira,
Liberto-me das frias e diabólicas palavras,
Das verdades massificadas,
Que nos adentra pelas narinas,
E correm nas veias como adrenalina,
Enjaulando o coração,
Jogando-nos na solidão.
 
Hoje eu transpasso este mito sedutor,
O equivoco do ingrato amor,
Que me manteve em território assolador,
Possessivo, minguado e desumanizador,
Do transtorno entre o desejo e a paixão,
Que só causam a insatisfação,
Por estar fora da idealização.
 
Não sou protagonista de perfeições,
De fascinantes realizações,
Sou um ser comum, em eterna mutação,
Território a ser o tempo todo conquistado,
Amado e respeitado, por ser quem sou,
Pelo direito a transformações que me dou.
 
Refaço-me todos os dias, não estou acabada,
É longa minha jornada,
E nela não preciso provar nada,
Só em mim, a experiência da minha vida,
Poderá ser entendida e sentida, 
Fazendo ou não, ao meu ser, algum sentido.
 
E quem sabe um dia poderei ser lembrada,
Como alguém que te acrescentou,
E por ti foi acrescentada.
Como alguém que te amou,
E por ti foi amada.
Como alguém que não te cobrou,
E que ao menos um pouco ajudou,
Nesta tua empreitada.


   

Susely
Enviado por Susely em 11/02/2011
Código do texto: T2784699
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