A Caneta
Era só uma caneta
Dependente de mãos
Que a carregassem
E imagens e palavras
Que a fizessem sentir viva.
Era sujeita a viver o amor
A golpear inconseqüente
Ou simplesmente ser habituada
Quando já não se tinham alternativas
Àquele inconsciente.
Era como outra qualquer
Criada com identidade clonada
A milhões de concorrentes
Que iam aos escritórios e escolas
Ou em qualquer jogada.
Era uma caneta sem sonhos
Ao relento de desejos humanos
Que em seus rabiscos
Recriavam todos os tipos nefandos
De instintos e civilizações.
Era uma caneta
Que jamais conheceria a sapiência
Nem uma fagulha de sensações
Existia inanimada e unicamente neutra
Á devastação que causava aos corações...
Era uma pena.