A MINHA DOCE ALMA NUA
Quando a apatia usurpar minhãs mãos
Tornando-as icebergs congelados;
Quando o semblante não mostrar
Qualquer emoção
Tal um mar sem marés,
Em sal desertificado;
Quando meus pés não ousarem mais as ruas
Nem mais ansiarem por roçar o chão
Apenas em avançarem, por nada,
Suas unhas
Talvez, neste instante,
Eu tenha, enfim, confrontado
Em meio a esse temerário não-desejo
Aquela doce alma nua
Que, aqui, anacrônica, sempre coexistiu
Pareada à esta minha alma outra,
Ansiosa pelas coisas
E que está, por décadas, velada
Pelas irretocáveis e matemáticas fases da lua
E pelas brutas e inconstantes fases minhas