adornos em palavras supérfluas

então a noite aparece

para desaparecer

em múltiplos ciclos

caóticos¨harmônicos

e eu não sei nem ao certo

por quantas estradas

deverei percorrer

quantas pessoas

hei de conhecer

ou quantos encontros

guardados à solidão

deverei escolher

enquanto a brisa sopra

e as ondas naquela tarde

se tornam rosas

rubras de crepúsculo

um tal rubor de beleza

envergonhada¨estranha

aos humanos

que a contemplam

de seus abismos

anteriores

então o calor

assombra

e a resposta

me vem em mergulhos

no mar rosáceo

transparente em sua densidade

pura de liberdade

então o espanto

me vem soprando

à sombra fresca

de tantas perdas

A resposta está alhures.

balançando em alguma

jabuticabeira de infância

antes que adormeça

no umbral das memórias

mal´desejadas.

(muitos adornos em palavras

supérfluas )