XÔ VERSOS. XÔ!

Levem-me uns versos magros,

Esqueléticos e esquálidos

Ossudos, redondos,

Melados e transparentes

(Um filme velho e mudo

Do Gordo e o Magro)

Levem-me uns versos brutos,

De fraseado tosco,

Intencionalmente

Mal acabados

(Mergulhos de aqualoucos

Em rimas de touros-sentados)

Levem-me uns versos zoando

Como moscas na cara

Passeando chatas

Pelas águas das bocas

(Enquanto as mãos

Sacodem loucas

Tentando acertá-las)

Levem-me uns versos em valas

Afundando vacas mochas

(De tal forma que

Para de lá tirá-las

Seja necessário

Afundar os próprios pés

Em água, merda e lama)

Levem-me uns versos vesgos

De olhar enviesado

Que avistem ao menos

Dois de cada um

(Tendo que, para isto,

Virar-se ao outro lado)

Levem-me em versos fedidos

Levem-me em versos ignorados

Levem-me em versos ruins

Levem-me em versos malcriados

Quero-os todos fora de mim...

Quero-os fora sem temor algum...

Xô versos! Xô!

Vão-se embora...