ESPELHO MEU... AMIGO OU TRAIDOR?
Pra que fui me olhar assim num espelho
Sem ater-me apenas a pentear os cabelos?
Creio, desta vez extrapolei em olhar-me...
O que vi? Muitas rugas, cãs e pouco charme!
Identifiquei-me com a minha realidade
Embora investisse em minhas verdades
Envelhecer é assim como o por do sol,
Ao detectarmos as cores vivas de um arrebol...
Não importa o que mais virá pela frente
Se tivemos um passado deveras veemente
De lutas e glórias, de muitas vitórias
Honoráveis doações de uma bela história...
Doravante, o que vier será de lambuja,
Diante de um todo, um tudo tão bem vivido,
Alma limpa, e se acaso, as mãos tiverem sujas
Foram das terras plantadas, de colheitas com sentido!
Eis meu legado, minhas dádivas e herança,
O meu testamento está feito!
Minha passagem está aberta
Repasso a quem fica, o meu jeito!
Se acharem de bom e de bem, que tirem o melhor proveito,
Se não, tomem meus erros como exemplo...
E, enfim, construa cada um o seu próprio templo
Na tentativa de acertar, sem desprezar o imperfeito.
Disposição não me faltará
Para chegar ao fim de tudo,
Pois, só então, a terra me cobrirá
Com o seu manto vinho e veludo!