ESPELHO MEU... AMIGO OU TRAIDOR?

Pra que fui me olhar assim num espelho

Sem ater-me apenas a pentear os cabelos?

Creio, desta vez extrapolei em olhar-me...

O que vi? Muitas rugas, cãs e pouco charme!

Identifiquei-me com a minha realidade

Embora investisse em minhas verdades

Envelhecer é assim como o por do sol,

Ao detectarmos as cores vivas de um arrebol...

Não importa o que mais virá pela frente

Se tivemos um passado deveras veemente

De lutas e glórias, de muitas vitórias

Honoráveis doações de uma bela história...

Doravante, o que vier será de lambuja,

Diante de um todo, um tudo tão bem vivido,

Alma limpa, e se acaso, as mãos tiverem sujas

Foram das terras plantadas, de colheitas com sentido!

Eis meu legado, minhas dádivas e herança,

O meu testamento está feito!

Minha passagem está aberta

Repasso a quem fica, o meu jeito!

Se acharem de bom e de bem, que tirem o melhor proveito,

Se não, tomem meus erros como exemplo...

E, enfim, construa cada um o seu próprio templo

Na tentativa de acertar, sem desprezar o imperfeito.

Disposição não me faltará

Para chegar ao fim de tudo,

Pois, só então, a terra me cobrirá

Com o seu manto vinho e veludo!

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 28/01/2011
Reeditado em 28/01/2011
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