Bate papo interessante
Minhas vozes ¨extra-terrenas¨ diziam:
¨pra que de falar de amor, de dinheiro, de viagens ou desejos¨?
Pra quê?
...e eu mantinha-me calado, acompanhando o efêmero
embalo incauto do meu cigarro,
e abstraia-me no seu encalço,
cabisbaixo, pensando em mim, pensando nos desejos,
nas viagens que podem até me matar,
no pequeno amor que me faz grande e mísero...
Mas, o que fazer pra dialogar com meus espíritos amigos?
Vale a pena tanta besteira por momentos de reflexões estranhas?
Não sou eu aquele poeta austero,
aquele rapaz das brincadeiras,
dos equilíbrios nordestinos,
da maneira exata, dos pensamentos inexatos,
das entrelinhas perenes...
...dizia-me a voz antipática: Vai, Karan...
ser mefisto é ser tolo, só
uma tentativa de manter
algo no seu devido lugar,
só a tentativa de amar pra ser lembrado !
...e disse-me a voz anti-divina: Karan ou mefisto?
Qual a predileção?
Repetiram meus cigarros:
amores são como fumaça;
às vezes colados à tua boca,
às vezes dentro de ti,
às vezes expressos demais pra ser só teu !