GRITOS
Os gritos ferem os tímpanos
Irrompem da garganta
Rompem a barreira do cérebro
Saem pela boca
E se espalham no ar...
São tantos que gritam...
A dor é de muitos
Mas a maioria se cala
Ouve e sofre sem um lamento.
Outros, agridem, matam
São presos, morrem
Antes mesmo de deixarem de viver.
No submundo da mente
Não existe consciência
Só o inferno implodindo
Mastigando, corroendo
Qualquer sentimento bom.
Não existe paraíso
Para quem cultiva a dor
Porque no inferno
Do coração humano
Existe um deserto muito grande
Que precisa ser semeado
Com sementes de amor.
Só, então, poderá ser
Atravessado, vencido
E transformado no céu
Particular de cada um
Com entrada franca para todos.