Enxurrada
Lavou a rua
Lavou os prédios
Lavou as calçadas
Relâmpagos
E trovões duelaram
Num céu medonho
E a velocidade da luz
Posta em prática
Varou a madrugada
Lavou as roupas
Lavou os carros
Lavou os telhados
Lavou os tapetes
(pobres dos tapetes!).
Os pássaros se esconderam
Os cachorros ficaram mudos
Os casais se abraçaram
As crianças acreditaram
Seriamente em dilúvio
Outras em filme de terror...
Haja água
Arre égua
As lavandas
As lavadeiras
Os louva deuses
Todos se encolheram
De medo ou de frio
Foi uma grande enxurrada...
Lavaram-se as casas
Lavaram os relógios a prova de água
Lavaram as lagrimas
Lavaram as paginas
Lavou se a igreja de Fátima
Lavou-se tudo
Inclusive a minha alma
Que desde então:
-Sente-se lavada!
(Não poderia deixar de relatar a tempestade que me acordou na madrugada de hoje em Fortaleza...)