A ansiedade do verso...

A ansiedade do verso consome minhas entranhas.

Não o desejo do fim. Mas a revolta do inacabado.

Picoto as folhas inúmeras e me vês assim, estranha.

Suspiro. Penso em algo. Inicio qual sol parado.

Surges-me tão profunda inspiração. Que não a alcanço.

Quem quer ouvir ou ler versos sobre os próprios versos?

Que namorado escreve em cartão a impaciência de poetar?

Risco a primeira estrofe, penso, repenso e me canso.

E o que seria um soneto se torna um decassílabo imperfeito.

Com quantas indecisões há de confrontar-se o poeta deste peito?

27.11.10

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 30/12/2010
Código do texto: T2700446
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