A ansiedade do verso...
A ansiedade do verso consome minhas entranhas.
Não o desejo do fim. Mas a revolta do inacabado.
Picoto as folhas inúmeras e me vês assim, estranha.
Suspiro. Penso em algo. Inicio qual sol parado.
Surges-me tão profunda inspiração. Que não a alcanço.
Quem quer ouvir ou ler versos sobre os próprios versos?
Que namorado escreve em cartão a impaciência de poetar?
Risco a primeira estrofe, penso, repenso e me canso.
E o que seria um soneto se torna um decassílabo imperfeito.
Com quantas indecisões há de confrontar-se o poeta deste peito?
27.11.10