Solvente

Um poeta não morre de amor

Ele se dissolve entre as palavras

Logo não entra de luto

E descobre outro apego

Num próximo minuto

Arruma uma rima

E como espuma

Acaba saindo sempre por cima

Este é o poeta!

Sente no ar um soneto

Inspira-se na cor do mar

Ou no cortejo do céu

Ouve um samba num gueto

E mais um verso vai para papel

Este é o poeta

Não morre de amor

Ele se dissolve entre nas palavras

E surge numa outra conotação

Como se tivesse outra alma

Este é o poeta

Um Ser mutante

Que como as lavas do vulcão

Faz sempre uma nova geografia

Fruto do hibridismo

Que como as larvas imaturas

Faz se sempre anfíbio...

Num puro mimetismo...

entre suas estruturas...

Um poeta não morre de amor

Ele está sempre apto

A mudar de apartamento

Ele se adapta mais fácil

A mudança de hábito

As erosões do tempo

As direções do vento

O poeta parece saber

Inacreditavelmente!

Sempre o que está acontecendo...

Mathias Moreno
Enviado por Mathias Moreno em 30/12/2010
Código do texto: T2699202