Solvente
Um poeta não morre de amor
Ele se dissolve entre as palavras
Logo não entra de luto
E descobre outro apego
Num próximo minuto
Arruma uma rima
E como espuma
Acaba saindo sempre por cima
Este é o poeta!
Sente no ar um soneto
Inspira-se na cor do mar
Ou no cortejo do céu
Ouve um samba num gueto
E mais um verso vai para papel
Este é o poeta
Não morre de amor
Ele se dissolve entre nas palavras
E surge numa outra conotação
Como se tivesse outra alma
Este é o poeta
Um Ser mutante
Que como as lavas do vulcão
Faz sempre uma nova geografia
Fruto do hibridismo
Que como as larvas imaturas
Faz se sempre anfíbio...
Num puro mimetismo...
entre suas estruturas...
Um poeta não morre de amor
Ele está sempre apto
A mudar de apartamento
Ele se adapta mais fácil
A mudança de hábito
As erosões do tempo
As direções do vento
O poeta parece saber
Inacreditavelmente!
Sempre o que está acontecendo...