TEMPO


No silêncio do meu momento,
Vejo o ponteiro do relógio passar.
Ele passa por todos lentamente,
Observando-o, finjo não notar.



Finjo não notar as expressões,
Que ele deixa em minha face.
Ignorando o sofrimento de ontem,
Vivo o hoje como se ele me amasse.



De certa forma é verdade,
Eu ainda estou aqui.
Se tudo aqui é vaidade,
Não temos para onde fugir.



Ele é cruel e implacável,
E muito nos faz esquecer.
Alguns o chamam de senhor,
Por nos fazer envelhecer.



Ele faz suscitar a saudade,
Ele faz esquecer um alguém.
Ele renova em nós a esperança,
Ele nos tira o que amamos também.



O mais incrível é que ele não para,
Muito menos o fazemos voltar.
Se voltasse mudaria nossa história,
Nossa história, ele não pode mudar.



Ele é feito de segundos,
De minutos infinitos.
De horas que nos marcam,
De dias bons e de conflitos.



Ele é época determinada,
Ele é prazo e é demora.
Ele é partida, ele é chegada,
Ele é o lapso que sempre vigora.



Uns o têm como esperança,
Outros o têm como tormento.
Ele é igualmente para todos,
A ele chamamos de tempo.