As cidades...

Cidades... Essas não dormem... Acordam aos gritos... Melancólicas e febris.
Uma noite... Tantas noites e a ventania branda... Sinto falta do vento esfarrapado, sem saída e sem forma... Diálogo com o "gato de botas".
Lembrei-me do meu pé de laranja lima... Da casa envolta a lenha... Dos risos e corridas pelos alpendres verdes...
Era domingo, disso eu recordo... Era um dia que ficou na memória.
Passadas e passos... As cidades emanam o que retiram dos atos... Elas não dormem.
Olho estrelas... Nem todos sabem disso... Olho a explosão de um passado em brilho... Olho as estrelas, em noite fria... Mas, ninguém mais sabe.
O menino saiu pelas correntezas da vida... Olha a névoa e a condensa em tulipas... Em cortinas brancas...
As cidades são distantes, mesmo quando lado a lado... Elas ficam opacas... Os carros andam em disparada... Os olhares estão em algum café... Ou em páginas reviradas.
Chega a manhã costumeira... Um vindouro ano que ainda é obscuro...
Não sei se vivo... Não sei quanto tempo tenho... Não sei!... Isso não é maravilhoso?
Andei perdida em voltas marcadas... Um rodamoinho de laços e fitas... Um foco... Uma dinastia.

Serena, encontro-me na madrugada... Esqueci de perguntar ao porteiro que cidade é essa...

Talvez ele não saiba a resposta... O cinza está por toda a parte... Posso recolher-me aos 200 fios e embriagar-me ao som da flauta...
Percorro o profano gosto por dormir em concha... Acústica perfeita das curvas do meu corpo...
Acordo... Já passou mais um dia, na cidade dos meus planos.


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