O Dia da Poesia
I
Hoje é o dia da poesia
E mais um dia
É também o dia do consumidor
Mas as pessoas não consomem poesia
Consomem dinheiro , carros , roupas e drogas
Mas a droga do poeta é o verso
Vicia ainda no útero
Da barriga da alma
Mamãe fica calada e reclama no Procon
O poeta reclama escrevendo
Porque vive cada dia examinado
II
O direito ,
É que se comprando lhe haja respeito
Mas o poeta é o flagelo do mundo
Ele insiste na verdade
E desmanda a propaganda
Consumir é cíclico
Mas quando se escreve um poema
São indecifráveis labirintos
Que sempre alcançam
A leitora essência alheia
III
Não há comprovantes
Nem garantias na poesia
Há uma vontade...
Que não se encontra nas lojas e departamentos
O consumo segue a moda
Porque necessário é viver ,
Comer , comprar , mentir , ganhar ,
Mas ao poeta e seu mito
Isto é imperceptível
O mais caro é gratuito
IV
O dólar vale ouro
A vida sem ouro nada vale
Mas quantas línguas há no globo ?
Que fútil !!!
Poetas de novo
Porque não há câmbio nas linguagens
A poesia se traduz
Em mais um motivo para compor
Acaba o conteúdo do bolso
Mas nunca o do verso que ouço
A letra tatua meu olho
Assim ,
Não sobra espaço pra besta no corpo
V
Feliz dia do consumo consumidores
É mais um dia que por vocês
Nasce morto
Mas eis os poetas
Subindo a laje de novo