Dois lamentos

As gastanças da alta sociedade

Jogam a pó sua marginalidade

A sobrevida de uma reles verdade

Está vazia na cabeça de velha idade

Ora burlando as leis da maldade

Deixando tudo assim, pra mais tarde

Sofrer de ser...

Vivendo sem saber...

Andando em voltas de retóricas atuais

Não passava perto dos pais

Uma visão extensa de uma vida a mais

A visão do moço para com o mais velho

De um casulo para o escaravelho

Gastando brincando com a verdade

Sustenta uma grande sociedade

Mas não lhe sobra a marginalidade

Gostar de ser...

Vangloriando-se poder...

Viver romances custa uma vida

Mão única e sem saída

Paixões geram sobrevida

Mas por agora estás de partida

Passarão águas cansadas

Recolhendo calmas lágrimas velhas

Viajarão vidas passadas

Viajantes de grandes caravelas

Depois de dois pingos de chuva

Uma velha se tornará viúva

Deixar de ser...

Além mar viver...

Não poderás encontrar luxúria

Talvez breves acessos de fúria

Alguns amores em velhos portos

Filhos sem nome, pai e tortos

De uma qualquer bruxa jovem

A jovialidade que sempre lhe vem

Passando entre suas ventosas

Faz-te criar versos e prosas

O bonito é lua prateada no sonho

Velho, te proponho

Esqueça seu funeral antigo

Volta pros castigos da vida cruel

Arranque suas raízes e saia do abrigo

Qualquer diabo também vai para o céu...

Gustavo Martins Pistoresi
Enviado por Gustavo Martins Pistoresi em 19/10/2006
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