Dois lamentos
As gastanças da alta sociedade
Jogam a pó sua marginalidade
A sobrevida de uma reles verdade
Está vazia na cabeça de velha idade
Ora burlando as leis da maldade
Deixando tudo assim, pra mais tarde
Sofrer de ser...
Vivendo sem saber...
Andando em voltas de retóricas atuais
Não passava perto dos pais
Uma visão extensa de uma vida a mais
A visão do moço para com o mais velho
De um casulo para o escaravelho
Gastando brincando com a verdade
Sustenta uma grande sociedade
Mas não lhe sobra a marginalidade
Gostar de ser...
Vangloriando-se poder...
Viver romances custa uma vida
Mão única e sem saída
Paixões geram sobrevida
Mas por agora estás de partida
Passarão águas cansadas
Recolhendo calmas lágrimas velhas
Viajarão vidas passadas
Viajantes de grandes caravelas
Depois de dois pingos de chuva
Uma velha se tornará viúva
Deixar de ser...
Além mar viver...
Não poderás encontrar luxúria
Talvez breves acessos de fúria
Alguns amores em velhos portos
Filhos sem nome, pai e tortos
De uma qualquer bruxa jovem
A jovialidade que sempre lhe vem
Passando entre suas ventosas
Faz-te criar versos e prosas
O bonito é lua prateada no sonho
Velho, te proponho
Esqueça seu funeral antigo
Volta pros castigos da vida cruel
Arranque suas raízes e saia do abrigo
Qualquer diabo também vai para o céu...