A VERDADE SEMPRE
Do velho tempo o que restou foram lembranças,
Amargas, doces, eu, tão criança,
Acalentava sonhos que hoje vejo
Que eram para manter-me
Viva, com um sorriso nos lábios,
Vivia na expectativa de que tudo ia melhorar.
Foram lágrimas e sorrisos como se gente grande eu fosse,
Fui exposta, e dei às costas as tantas dores,
Precisava falar de cores, de amores,
Pela vida, pela natureza, pelos animais,
Por algo que trouxesse consistência,
E logo cedo meu olhar tornou-se aguçado,
A sensibilidade era tanta que quase
Ninguém entendia,
Já fui chamada de louca, de pirada, de estranha,
E no íntimo, só meu Deus sabe o tamanho
Da lucidez que sempre carreguei,
Não poderia concordar com tantos
Falando que o verde era rosa,
Se eu não enxergava como tal,
Sempre fui fiel a mim,
Por isso, batia o pé até o fim,
E falava do que via, do que sentia,
Não aceitava o fato de concordar com algo
Que era visto por um olho só e os
Bajuladores concordando,
Mesmo sabendo que tudo era mentira,
Ó, por favor, tenha dó.
De louca não tenho nem nunca tive nada,
Graças a Deus sou sã, inteira,
Nunca fui pela metade,
Muitos tentaram calar-me,
Não conseguiram, jamais conseguirão,
Nasci com o dom da escrita,
Com a Verdade como tema da minha vida,
Assim sigo, ando, vou...
Até onde, não sei...
Onde Deus permitir...
Deixarei meus rastros bons onde passar,
Falarei a Verdade sempre,
Nem que para isso tenha que me ferir.