Poema a Cecília
"Porque, que mais tem o homem de todo o seu trabalho, e da aflição do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?
Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade."
Eclesiastes 2:22-23
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Cuidas, Cecília, do arado despiciendo
Da hostil terra em que transpiras infecunda.
Legues mais do que riquezas, antes legues o exemplo,
Pois o pouco que te bastas é aquilo que te abunda!
Tua obra te esgota e dela nada leva
Louca sina sob o Sol que o sábio presencia,
Vultos somos de uma sombra adiada e tardia,
Reses quase abatidas que a vaidade ceva.
Cuidas pois Cecília de lembrar do sol poente
Misturado ao mar sereno que sustenta o hirto céu.
Guarda nos olhos o mais belo e passageiro frequente,
Pois Plutão ainda não vem acolher-te no seu véu.