Gentil assassino
O tempo é o assassino que não mata
Tortura silenciosa mente
Nem aos poucos tira a seiva da vida
Cria as condições para morte
Como se corte fosse passado anos a fio
Até me arrepio ao vê-lo sadio e sádico
com a paciência de uma tartaruga
Voluptuoso a balançar-se nos seus idos longevos
Não tem credo
Não é credor
Basta a dor de saber-se vivo... até agora
nesta hora já tão pesada
que custa a carregá-la
no labor de uma estiva que não pedi
Senta-se à beira do ocorrido
Anestesiado, falta-me as últimas conseqüências a ultrapassá-lo
Somente o sonho impede sua vanglória
Erma como uma cidade vazia
No sol que me transparece
Até parece que sou brilho
Nos trilhos a passos feitos
Que desde o leito caminhei
Prefiro a felicidade de um abutre livre
sobrevoando etéreos altiplanos
Transpondo montanhas
Tendo o peito massageado pela queda livre controlada
Acreditar na crença sem questionar
é prova de pouca fé naquilo que não se sabe
Hoje o dia vagueia indiferente
ao quanto sou igual aos dias contados
nas mãos do assassino invisível
Pronto, caminha a meu lado