Metamorfose

Cortou o cabelo com pudor

Deixou cair de leve o corpo frio

Estrangulou com força o tempo

Massacrando de raiva os desejos

E trazendo de novo algum sentimento

Mas se pensam que era maledicência?

Coitados! Era puro prazer.

Certamente a crueldade doce

A vingança dessas que se deve comer com força

De alguma sensação de nada

Mas não, era sonolência.

Alguma espécie que alguém algum dia sentiu

Não era dor, não era rancor

Era um estranhamento natural

Da própria essência

Pintou as unhas de vermelho

Ninguém viu, ninguém descobriu

Cortou, pintou, amou, desejou

Como se pudesse de uma única vez

Sentir toda essa aspereza

Mas quando viu...

Esperou calada o silêncio chegar

Abraçou com força o ursinho de pelúcia

E sozinha e vasta

Resolveu voltar em um minuto

A ser criança

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 14/10/2006
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