Metamorfose
Cortou o cabelo com pudor
Deixou cair de leve o corpo frio
Estrangulou com força o tempo
Massacrando de raiva os desejos
E trazendo de novo algum sentimento
Mas se pensam que era maledicência?
Coitados! Era puro prazer.
Certamente a crueldade doce
A vingança dessas que se deve comer com força
De alguma sensação de nada
Mas não, era sonolência.
Alguma espécie que alguém algum dia sentiu
Não era dor, não era rancor
Era um estranhamento natural
Da própria essência
Pintou as unhas de vermelho
Ninguém viu, ninguém descobriu
Cortou, pintou, amou, desejou
Como se pudesse de uma única vez
Sentir toda essa aspereza
Mas quando viu...
Esperou calada o silêncio chegar
Abraçou com força o ursinho de pelúcia
E sozinha e vasta
Resolveu voltar em um minuto
A ser criança