Largo, Longe e Livre
Guiava o barco devagar
E os ventos que sopravam leves
Irritavam-se ora sim, ora não
Trazendo o enjoamento dos pobres
Que se debruçavam sobre o casco
Atravessaram gaivotas
O céu azul e docemente inesperado
Refletia claro o maior de todos os mestres
E balançava para lá e para cá
Como bailarina ao entoar de algum canto
Seguia largo, longe e livre
Deliciava-se no transatlântico imaginário
Ao senhor dos senhores pensantes
E cobria-se de pura imaginação
Sem a crueza de tantas realidades
Foi pelas ondas rumo ao infinito
E se essas mesmas vozes das águas
Batiam com força e molhavam-no
Sentia o corpo gélido nas espinhas
E cantava sozinho a canção dos tempos
Foi tão longe, tão longe
Esqueceu as tristes opções terráqueas
E sentiu de leve as brisas
Os instantes claros
E nunca mais voltou