Metade e Meia

Heróico em alguma cena,

Quero-te troiana Helena,

para amar-te nesse pós mito

em que a vida entala

por ausência de um grito

sob o chicote que estala

sobre quem nada fala

e por tudo cala.

Livros, histórias, utopias

de megeras fantasias

no bordel em que não se ia.

Sons por letras,

afetos por canetas,

vai qualquer escriba

atrás da mulher que pressente

em cada vazio ausente.

Já há tanto escrito,

tanto gemer aflito

nesse espaço circunscrito.

Espaço, tempo, equação,

fingem-me que tenho ocupação.

Que voltei a ter certeza

de que ainda há beleza

no ato de insistir,

de resistir,

de existir.

Mortas letras,

inúteis paletas.

Redemoinho,

caleidoscópio,

as Trompas de Falópio

e a esterilidade

da falsa verdade

vivida pela metade.