Glândula

Querem que eu escarre um poema

Querem que eu vomite um verso

Me pedem que defeque uma estrofe

Me pedem que peide um soneto

Querem a urina metrada

E que eu sue melódico

Me pedem o pus imagético

E a bile em coma de inspiração

Me escrevem eu arroto a tradução

Enquanto o olhar coagula

E o tártaro meus dentes banguela

Quando recito querem cera e remela

Que tussa uma rima e babe uma forma ( fonema )

Espirre – esparrame a essência.

Mas o meu gozo

Só eu posso declamar

A poesia é uma glândula da alma

Não da ciência

Secreta e excreta

Sonhos , Medos , Delírios , Desejos , Pensares , Vaidades

E outra coisa qualquer

Que exceda dentro dela

Meus oito mil tentáculos se calam

Tomados pelo escárnio

Ritual
Enviado por Ritual em 11/10/2006
Código do texto: T261909