Glândula
Querem que eu escarre um poema
Querem que eu vomite um verso
Me pedem que defeque uma estrofe
Me pedem que peide um soneto
Querem a urina metrada
E que eu sue melódico
Me pedem o pus imagético
E a bile em coma de inspiração
Me escrevem eu arroto a tradução
Enquanto o olhar coagula
E o tártaro meus dentes banguela
Quando recito querem cera e remela
Que tussa uma rima e babe uma forma ( fonema )
Espirre – esparrame a essência.
Mas o meu gozo
Só eu posso declamar
A poesia é uma glândula da alma
Não da ciência
Secreta e excreta
Sonhos , Medos , Delírios , Desejos , Pensares , Vaidades
E outra coisa qualquer
Que exceda dentro dela
Meus oito mil tentáculos se calam
Tomados pelo escárnio