A Pedra

No topo da montanha havia uma pedra

Que não se inundava de questões

Permanecia nua e fria, sem medir-se a régua

Não era assolada pelos mesmos dragões

Sabia estar, mas consciente não era

Acima de todos, pedaço de tudo

Ausência de sentidos, desafio, quimera

Nada era preciso, ofuscando o vazio surdo

Assentada com folga, movia-se em V constante

Depois nem tanto, pois o escravo da vontade

Fez solo cair em prantos, em suas desculpas de amante

O grão de tudo não amava, nem pensava, livre dessas grades

Em sua solidão etérea, a tudo respondia

Enquanto o que busca o saber de tudo

Em suas limitações terrenas não percebia

Que no topo dessa pedra havia o mundo