O Fim da Estrada...

O fim da estrada…

Palmilhei um caminho fácil e largo,

Que mal tive tempo de apreciar,

E agora vejo que é estreito e amargo,

Aquele que ainda me falta atravessar.

Subi devagar a ladeira da vida,

E já transpus o topo do monte,

Desço agora a derradeira descida,

E vejo encurtar-se o meu horizonte.

Como folhas amareladas esvoaçando,

Que deixam sua arvore semi despida,

Assim meus cabelos estão voando,

Anunciando o Outono da minha vida

Invejo a arvore ao vê-la renovada,

Em cada Primavera que vai surgir,

Porque a mim uma só me foi dada,

E sinto que a estou a deixar fugir.

Ser como as arvores quem me dera,

Ter Outono, sentir a vida a desfolhar,

E também todos os anos ter Primavera,

Para sentir o prazer de renovar.

Ao ver aproximar o fim da estrada,

Que milhares de dias percorri,

Penso que fiz pouco ou quase nada,

De útil no pouco tempo que vivi.

Sinto que a morte se está a aproximar,

E que sua viajem não pode ser travada,

Nem evitar que ela venha arrebatar,

Sem aviso a vida frágil que me foi dada.

Alberto Carvalheiras
Enviado por Alberto Carvalheiras em 09/10/2006
Código do texto: T260252