Medo
Toma a feição
O rosto, a bocarra aberta
O corpo , enrijecido
E tudo paralisado
Não se pensa
Uma branca névoa se entorna
Toma os olhos
Que das batidas aceleradas do peito
Se encharca
Vontade de correr
Vontade de conseguir sair
De chorar e tremer, se deixar levar
Por aquilo que te consome
Revira as pobres tripas
Frágeis e sonolentas
Tendo um raio a percorrer a espinha
Se pode correr o faz
Se pode lutar se ataca
Mas se o ceifador paira
Apenas a alma o satisfaz
Não há titulos
Não há pesos
Apenas a sensação de que afinal
Ou será agora ou jamais
A mente esfria e disso pode se fazer um vício
O perigo limpa a mente perturbada
Ativa partes desligadas
E abre de novo portas esquecidas
Que se fortalece com a saída
E cresce conforme o risco tomado
Senhor de toda inglória
Senhor de toda franqueza
Que em sua criação
Entristece e gera o peso
Que foi por um bom tempo
O motivo para toda nossa união
Unção movida para proteção
Muros construidos por motivos de guarnição
Correntes erguidas em tom profano
Tudo isso apenas em uma frágil busca
É melhor ter um berço
Repleto de espinhos por dentro
E rosas por fora
Do que aceitar ter de caminhar sozinho
Uma lição em si
Para aqueles que decidem por fim em sua tirania
E aceitar de uma vez
Toda a carga de sua vida