Inocência
Comia doce bem devagar
Deliciava com a mesma inocência serena
O que não possuía quando queria
E comia com tanta vontade
Que não era suficiente para provar o doce
Que por ali em alguns instantes
Estava a deliciar de um êxtase
De uma necessidade de ter tudo de uma vez
Pintava com todas as tintas e sorria
Os olhos já não podiam mais de tanto brilhar
E eu ali tive ímpeto de chorar
Encostei o corpo de leve na parede
E observei quase de todo parada
Aquele menino sujo de tinta
Aquela vida pouca que se exaltava
Parava e falava-lhe que fizesse tudo
Que bebesse de vez toda aquela alegria
Em um gole apenas, em uma tacada só
E queria quase velar aquele sentido
Queria parar aqueles instantes
Sorria, comia e pintava
O coração daquela criança
Que não conhecia de muito a vida
Já sabia que ali estava sua felicidade inteira
E eu só de olhar para ela não pude suportar
E chorei por dentro