O Rei e o Conde
Ainda que minha vida seja pintada
De vermelho,
Por uma estrada longa, minha jornada
De Rei se perpetuará no conselho...
Mesmo que por espinhos ande,
De joelhos, andarei e tornar-me-ei Conde...
Donde ninguém vir pedir-me esmola
Eu esmolarei de bolsa e sacola
E entregarei à nobre ou pobre senhora
Um coração despido e desvalido
De um homem morto e sofrido.
A loucura que a minha mente abraçou,
Tão carinhosamente,
Do escuro fez morada eterna
Ferra-se a quem nela se atrelou
Pois, do escuro, um urro soa
E amaldiçoa
Quem vive no passado perene
Ao tempo matando, em noite solene.
E é assim que transformo vida em morte...
Uma sorte que comprei de esmola...
Um jogo de azar onde jogo forte,
Numa roleta onde prefiro só uma bola
E Sem dizer minha sorte e o meu número
Fiz do meu corpo e do meu osso úmero
O cofre da agonia e da dor,
A estrada da morte e do amor.