OLHO-MÁGICO
é certo
que não me conheço
nunca
me esqueço tampouco
dou-me um amplexo
no avesso
beijo a língua do ser desdobrado
copulo-me em prazer
autofágico
perigosamente grávido,
aborto
na espiral dum olho-mágico
em plena praça pública
num ato político, sepulcral,
premeditado
a coerência me prende...
a liberdade me oprime...
a indecência me redime
vou praticá-la
mesmo namorando
a dor
sem pudor,
sem amor,
sem crime