Realidade em um sonho

Um dia tive um sonho, passei dias sem dormir

Lembrando com agonia do mundo que vi sumir,

Parecia tão real que tentei fugir,

Mas assolou-me a dor na alma

Que mais parecia uma facada,

A tristeza que pairava

No coração daquela criança.

De repente apareci em um caminho desconhecido

Que parecia nunca ter existido,

E lá no fim uma luz

Que me parecia uma cruz

Carregando a dor do mundo

Aquilo me bateu profundo

E caminhando para aquele mundo

Deparei-me com as lagrimas,

Da criança que envergonhada

Tinha um olhar de desesperada, sofrida e acanhada;

Me aproximei sem jeito e perguntei:

-Qual o seu nome? Estas com fome?

E com lágrimas nos olhos

Me olhou com remorsos

E disse-me: - Chamo-me vida,

A qual o homem desperdiça

E minha fome é de justiça.

Perguntei então se não tinha família

E me respondeu que ela já morria,

Que a ganância corrompia

E a maldade sorria,

Diante da morte do seu pai amor

E da sua mãe esperança,

No qual só restava a dor.

O chamei para vir comigo

E disse que do meu mundo já tinha fugido

Que a fome o perseguia,

A miséria persistia

E a ilusão confundia

Disse-me que só lhe restava o fim,

Pois a ganância como cupim

Já se alimentava no homem,

Que sem perceber

Estava a padecer

E a maldade escondida

Fingindo ser a alegria

De uma forma que contagia,

Continuava matando, zombando e maltratando

E o homem pensando que estava dominando;

Resolvendo se esconder

Para não mais sofrer,

A partir daí fiquei sem saber o que fazer

Tentei correr,

Sumir dali,

Para aquela culpa não mais sentir

E foi aí

Que me apareceu um ancião

Mas de frágil e doente nada tinha não,

Era um ancião na experiência

E com paciência estirou-me a mão;

Com desespero perguntei:

- Quem hei de ser você?

Sou a morte, sorria, já venho em boa hora

Para levar-te a tua glória,

Era envolvente,

E de um jeito sorridente

Pegou-me a mão

E à medida que me aproximava

Uma escuridão aumentava,

E com dificuldade perguntei pela criança

E disse que esta já descansa

Uma dor me atingia

E abri os olhos na minha rede que rugia,

Acordei com uma agonia

Uma vontade de chorar

Pela vida que vi passar.

luny
Enviado por luny em 26/10/2010
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