...O QUE QUERO DIZER...
O vento bate em minhas pernas
Minha cabeça queima ao sol das treze horas
Calem-se para que eu possa pensar
Estou sofrendo por não poder dizer algo
Simplesmente algo
Que me eleve a um estado superior
Qualquer coisa
Eu quero qualquer coisa
Poderia ser: "voa um passarinho"
Ou um livro inteiro [de repetições]
Algo que me transformasse
Será essa a minha busca constante?
Sempre buscar formas que me elevem
a um estado superior ao estado atual
E sempre, no descontentamento
Subir e subir e subir e subir e subir e subir e subir e subir
Subir aonde? Eu sei que nunca vou chegar a algures!
Eu não chego aos lugares
Eu passo por eles
Ou eles passam por mim, me transpassam, me trespassam, me traspassam, me cortam, me ultrapassam, me trapasseiam... me tropeçam
Eu tropeço nos lugares, nas pedras, nas águas, nas estrelas
[Ou são mesmo os lugares que tropeçam em mim, e deixam a poeira de seus pés sobre minha cabeça...]
Eu sou um eterno viandante andantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandantandant
Algo me angustia... seria 'algo' que eu quisesse dizer
e não encontro?
Seria a consciência desta minha infinita odesseia?
erranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterranterrante
Letras de músicas, versos soltos escorregam-me por veias cerebrais
Num trânsito louco e frenético
Eu preciso parar de escrever
Ou, então, se não parar agora
Sinto que nunca mais conseguirei
Vou escrever escrever escrever escrever escrever escrever
até nunca mais [susto... medo... medo... susto... PRAZER]
Eu sinto que preciso dizer 'algo'
Não sei o que é isso
Talvez seja tudo isto
Ou nada disto
Talvez não seja nada
Talvez seja
Ou talvez não seja porque será
Ou nunca mais será
Porque já foi
E eu o perdi...
Talvez eu nunca descubra
O que me resta
O que me resta?
é escreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescreverescrever