Amor Oculto
É a paixão por uma senhora
Por que de tudo desisto;
Por que rompo compromisso;
Por que ponho os bens em penhora.
E por pura conveniência
Ela usa da indecência:
Atrela-me ao seu sentimento, e, como dona,
No meu corpo, faz-se matrona...
E num desmembramento carnal,
Com um sentimento infinitesimal,
Emprega sua sanha:
Usa-me com artimanha...
E com o despudor que me acaricia
Entrego-me à acefalia...
Com isso, os corpos praguejam e sonham.
Na mesma cama se entranham,
Na mesma instância se amam...
Mas são os traços semelhantes
Que existem entre a mulher e o oposto
Que marcam nos dois amantes
O mimo, o gozo e o gosto.
Se alguns consulentes se acanham
Os nubentes afastam-se e sonham
Tocam-se com olhares sorrateiros
Em sorrisos, se fazem escudeiros...
Entre pessoas, nos mesmos tetos,
Escondem-se no olhar,
Encolhem-se para não roçar...
Mas, em par, na cama, são completos.