Ranário

Acumulei tantos sapos na garganta,

Para não brigar,

Para não sair por aí, quebrando tudo,

Ajeitando um pouco melhor, as coisas do mundo...

Agora eles estão pulando fora, sozinhos...

Quando vejo, já saiu...

De minha boca, mais um, escapuliu.

Sem qualquer premeditação...

Creio fazer parte da troca de chão:

Uma boa limpeza no ninho,

Antes de decolar

Em direção à luz que se agiganta.

Também, pudera!

O que vi acontecer nessa cidade...

Absurda quimera!

Tanta falta de sensibilidade...

Império do destempero!

Ausência palpável de bom senso,

Em todas as instâncias!

Uma frieza, que se confunde com arrogância...

O sono é profundo

E o sonho é com outro mundo...

Os desejos são televisivos

E os textos, iludidos...

A liberdade é mal usada

E a segurança não é valorizada.

A feira das vaidades,

Impede o progresso real da sociedade,

Que patina entre o politicamente correto

E o capitalista deserto...

Já não têm mais olhos para a natureza,

A não ser como caminho único para a “riqueza”...

A incompetência assola o empresariado,

Que mantém o povo escravizado...

Um quadro humano terrível,

Que sufoca quem é sensível!

Diante desse quadro

Feio e desbotado,

É possível imaginar

O número de desenganos que tive que acumular...

Fui obrigado a me isolar,

Para não viver de brigar...

Tanta enganação...

Tanta manipulação!

Tanta exploração.

Senti-me várias vezes dentro do enredo

De “Calabar – o Elogio da Traição”.

De Chico Buarque, um dos grandes textos!

Agora que estou de partida,

Alguns estão escapulindo de forma imprevista.

A ocasião se configura,

A oportunidade se apresenta

E algum, mais inconformado, não se aguenta:

Salta e se resolve,

Sem medir o perigo que isso envolve.

Como não foi planejado,

Não me sinto incomodado.

Ao contrário, me sinto bem aliviado,

Por deixar meu repúdio evidenciado.

Fico com a cabeça mais leve, para voltá-la para a altura,

Cada vez, com mais desenvoltura!

Vídeo indicado:

http://www.youtube.com/watch?v=tqDq-VfP9Pk&NR=1

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 16/10/2010
Código do texto: T2559525