RELÓGIO-CUCO

O relógio-cuco parado

Na parede do varandado

Parou de cansado

De assoviar o momento

De um tempo tão passado...

Agora o tempo hodierno

Voa... voa... voa...

Tem sede do eterno

E o externo não perdoa

E este tempo corrente

Voa, torrencial, por cima dele,

Do cuco velho, demente,

Sem dar-lhe bola ou corda

Foi se acoitar, apressado,

No despertador emoldurado

Na cômoda do quarto

Que assumiu, para si, o fardo

É vez e hora do despertador

Dar bronca...

Toda santa manhã

Vomita

Em quem não acorda,

Enrola e ronca...