PRECIOSA VIDA
Como posso beber água?
Neste rio tão bravio?
Jaz em mim a miséria
De não ser do estio
Pago por toda escolha
Que não tem este ser
Morando no mar da vida
Não pode água beber!
Peixes sem ninho
Pássaros sem mar
Homens sem vinho
Embriagados devagar
Canto a minha aflição
Por toda árvore cortada
Por toda sangue escorrido
Na veia tão divagada
Ligo os meus poros
Com os seres do mundo
Pedra, vidro, papel
Que está no lixo imundo!
Imundo é o meu ser
Que insiste em poluir
Consome verdades mentirosas
Pensando que vai existir
Em tudo que consome
Assim, alimenta-se de fome!
Júlia Rocha