Paranoá

Sentado à beira do lago só sinto a brisa silente do acaso

Se o vento esvanece? Minto, eu que evaporo sem azo

Meu tempo escapa entre os dedos e escorre depois pela mão

Afogo nas águas meus medos, faço deste céu o meu pão.

Tenho um infinito aqui à frente, sinto a alma pequena

Sob o sol escaldante, quente, o frio vazio se amena

Agora o seu rarefeito ar, que leve me leva o cheiro,

Fragrância de vida no peito, amor que não vivo e beiro.

A vida é como o rio largo, as águas que são já não são

O amor, um sono pesado, durmo pra não viver em vão

Tira e põe, concede e nega, sem regra, sem prazo, sem lei

Amor de sonhos mundo rega, jardim que ainda verde verei.