Achou!
Tenho o costume
De manter nos vasos
Flores que já morreram
Ressequidas
Tristes
Às vezes nem parecem
Que foram tão esquecidas
E mantêm um pedaço
Do fresco da vida
E depois morrem sem perceber
No silêncio do meu quarto
Pairam pétalas sobre a estante
Levanto e me distraio o bastante
Mas não é assim tão fácil
Não se entender
Penso como num desvario
Momento sem nexo, vazio
...caem pétalas sobre mim...
Deixo o cabelo no rosto
Toco meus lábios, meu pescoço
Provo o meu gosto
Talvez? Não ou sim ?
Dilemas tão compridos
Num fio da mente sem fim
Levanto rapidamente
Já e tarde
E vejo da janela
Uma luz suave
Que caminha em minha direção
Mas sei que não é luz coisa nenhuma
- você acha o que procura-
encontrou-me então!
Num breve espaço de tempo
- um segundo talvez –
Vi como num sonho
Uma nau e um português
Um sorriso, um aceno e de repente
Você – que é luz
Surge em minha frente
Respira o meu ar
Olhos e lábios rentes
Minhas mãos em sua face quente
Um forte abraço enfim
Te toco em todas as partes
E você também a mim
Devaneios tolos de reencontro
Que antes nunca vividos
Mas que impressão de velho amigo!
Ai, amigo, o sonho foi assim.