Quando mais me cortaram o coração...

Quando me cortaram o coração, eu fui jogado na escuridão.

Quando o coração me cortaram, eu fui atirado no chão.

Quando mataram meus sonhos, só restaram as lágrimas.

Quando apontaram o dedo para minhas feridas.

Quando atiraram pedra no meu nome.

Quando macularam minha alma.

Quando sujaram minha imagem.

Quando me humilharam em meu orgulho.

Quando jogaram minha luta no lixo.

Quando inrredaram minha vida em mentiras e intrigas.

Quando me tiraram aquilo pelo qual lutei tanto em minha vida: meu trabalho e minha dignidade.

Quando me diminuiram, me discriminaram.

Quando fizeram pouco de meus conhecimentos e de minha luta.

Quando rasgaram minha alma com mentiras.

Quando me tiraram meu sustento, meu alento.

Quando apontaram o dedo e riram de minhas desgraças.

Quando quase nada sobrou além da dor, do sofrimento, do desapego, da solidão, depressão, angústia e lágrimas.

Quando as forças pareciam ter se acabado.

Quando já quase nada havia restado além da doença, do sofrimento, da dor e da miséria.

Sobraram ideais, sobraram vontade de poder mudar minha vida e toda injustiça ao meu redor.

Mas, os ideiais talvez pouco valham diante de uma realidade tão triste, pesada e solitária.

Ledo engano caro amigo, porque eu preciso de ideiais para sobreviver.

Descobri que meus ideiais são minha verdade e que talvez seja melhor morrer na verdade do que viver na mentira.

Por isso, quando mais me cortaram o coração, foi quando eu soube que o caminho em que eu estava embora fosse o mais difícil, era o mais digno.

Nossa! Como está sendo difícil!

Deus, como estou sofrendo!

Cortei parte de minha carne: somente para conservar, em mim, minha verdade, minha essência.

A luta não é fácil.

Lutar pelo pão é uma realidade cheia de senão.

Mas, nem todo pão do mundo, vale a morte do que eu sou realmente e muito menos do que eu sinto.

Abri mão de um cargo, de um emprego que me entediava, que me matava por dentro, que me fazia infeliz de todas as formas possíveis.

No final toda luta só ficou na frustação.

Nada sobrou além da dor e do sabor de toda injustiça sofrida.

Mas, a luta continua.

E eu?

Eu sigo em frente com toda vontade, dedicação e com a esperança de alcançar meus objetivos e metas.

Mais, vale uma luta de incertezas pelo que se acredita, do que viver o tédio de uma estabilidade vazia, triste e sem rumo.

Eu hoje me sinto um escravoo que saindo da senzala, não sabe para onde ir.

Mas, no fim acaba encontrando um caminho.

Sim, foi no dia em que mais me cortaram o coração, foi justamente nesse dia, que eu soube que estava no caminho que eu havia escolhido.

Não, talvez não seja o melhor caminho.

Talvez não seja nem mesmo o mais digno.

E com certeza não é o caminho mais fácil.

Mas, sim, é, com certeza, o caminho mais verdadeiro.

Pois, é aquele que minha mente, em conjunto com meu coração escolheram.

E eu busco, nada mais além da paz de poder fazer o que gosto, e o que acredito.

É, sim, eu sou meio ingênuo, pois que meus pensamentos e minha essência vão contra a corrente de nossos tempos, que prega o dinheiro e o poder como valores máximos.

Mas, eu sigo caminhando, meio tonto, cambaleante, seguindo sempre em frente em constante luta.

Minha estrada não é nada fácil.

Meus dias às vezes são uma tortura.

Mas, eu sigo meu caminho porocurando minha verdade, tentando resgatar minha dignidade.

E foi quando mais me cortaram o coração.

Foi quando fui estirado no chão.

Foi aí que eu levantei a cabeça e mesmo sem quase nada além da cara e da coragem, eu disse a mim mesmo: Continuarei firme até o fim essa minha jornada.

Procurarei ser eu mesmo sempre.

Traçarei minhas metas.

Buscarei esperanças no mais profundo de minha alma.

Enfrentarei as dores e as faltas materiais, mas sim, continuarei ser eu mesmo.

Eu não quero nada além da paz e da algria de poder ser eu mesmo sempre, com meus ideiais, minha verdade e meu senso de crítica e autocrítica.

Mas, sim, foi quando mais cortaram o coração, quando me tiraram o sustento, o alento.

Quando me jogaram na sarjeta.

Quando me tiraram até o que eu não tinha e nem nunca tive.

Foi aí que eu soube, que estava no caminho que eu havia escolhido.

E, sim, esse caminho é triste, sofrido, doloroso: é um caminho cheio de espinhos.

Mas, é a única maneira que eu tenho de seguir vivendo na minha verdade e segundo meus ideiais, minha verdade e minha essência.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 11/10/2010
Código do texto: T2550955
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.