Psicanálise

Que conselheiro pode ser meu senhor,

se na viagem que travei

foste espectador?

Por acaso sentiu meu temor, ou minha dor?

Como voyeur de meus medos, desejos e vontades

foste comigo um?

Sopraste meu espírito?

Deixa que eu tema a Deus, meu senhor

esse temor eu trago do ventre de minha mãe.

Quero achar resposta

se Deus for meu Dono

não será tu a negá-lo, meu senhor.

Sabe como temo a Deus

se ele me tira o ar, a voz, a vida

acaso tu, meu senhor,

respirará, falará, viverá por mim?

Temo também a ti, meu senhor

um jardineiro feroz

arranca de mim o daninho.

E se arrancares o mal

aquele que quero ser, meu senhor?

Aquele que quero ter?

Desconfio de ti, meu senhor

já limpaste teu jardim,

gostas de dama-da-noite?

Na beleza do meu jardim

a maria-sem-vergonha

teima em achar vida

por entre pedras e pernas

e o louva-a-deus

eu amo seu trino

Quem és tu, meu senhor?

Senhor?

Norma de Souza Lopes