INIMIGOS AMIGOS VERSUS A VERSOS
INIMIGOS AMIGOS VERSUS A VERSOS
Aquele homem de outrora que se julga imortal está aqui
dentro, muito embora sei que no porvir jaz.
Seus apetites, seus banquetes da velha Roma , tudo me
doma, mas de todo já não me satisfaz.
Gostamo-nos e por outro lado brigamos e, entre recíprocos
reclamos, seus conclamos, quisera eu não querer mais.
Clamo-lhe trégua, mostrando-lhe outras regras, mas por ele
qual uma selvagem égua sem rédeas, sinto-me seduzido no
seu vício de outros inícios que ainda me apraz.
Não queiras me vencer, pois perderás;
Não tento te convencer, pois por ora não sou capaz.
Somos tão iguais e tão diferentes,
Em estranhos hemisférios distantes,
Mas em pensamentos tão presentes
Que nos confundimos nas formas gerais.
Somos desconhecidos, antigos inimigos;
Amigos vertidos de um mesmo umbigo;
Comparsas, adversários, verdugo, guardião, capataz.
Me apontas sem querer onde devo melhorar;
Me irrito porque não quero te buscar;
Porém bebo do seu vinho, provo do seu copo;
Seu hálito me entorpece o pensar.
Estamos juntos agora menos,
Mais tarde um pouco mais,
Mas simbióticos e cada vez contumaz.
Não queiras me vencer, pois perderás
Não tento te convencer, pois por ora não sou capaz.
Paro, reparo e expio;
As combinações químicas de tudo que sou;
Faço, refaço e recrio
No labirinto das idas e vindas
O aprendizado das experiências vividas eu me fio...
Sou individualidade, independente e assaz.
Versos, versus versos;
Verso sobre teus e os meus;
São tão semelhantes nossos reversos;
Que tal traçarmos uma nova versão dos nossos eus?
Se na verdade nos amamos pelos versos e anversos;
Deixemo-nos de sermos perversos...
E depois de tantas alegrias e tantos ais;
Rimemos nossas novas poesias com a palavra paz.
Pedro Ferreira Santos
Em 06/07/2000