Olhar pela janela
Pessoas pobres desesperadas por um pedaço de pão.
Pequenos prodígios pedindo esmola pra cada carro ou caminhão.
É o ritmo frenético que nos consome;
A cidade que pede sangue sem querer sujar as mãos.
É a maldita farra do excesso que pra pobreza nem faz menção.
É a sociedade porca, suja e inútil que vejo todo dia pela janela.
Dela me desloco.
Pois do que quero, nada eu posso.
Pelo que possuo, me desespero.
Pelo desespero me aposento.
Me aposento do pensar.
Penso que esquecer é a via mais fácil.
Penso poder me aposentar.
Mais quem pensa nunca esquece.
Que pela janela só se vê pobreza.
E sozinhos não podemos nada.