VIAGENS NO TEMPO

VIAGENS NO TEMPO

I

Olho pro futuro do indicativo

E sinto saudade dos indícios dos amigos do presente passado,

e do presente que ainda não passou.

Onde estou?

Em que tempo vivo, ou vivi?

Vivo vivo ou já não estou aqui?

Viajo na espaço-nave da minha mente

E não mais que de repente,

Liberto do uniforme que todos vestimos

Nos despimos;

Estou nu.

Devo Ter vergonha por isso?

Onde foram parar as certezas que pensava que tinha?

Seria tudo isso imaginação minha?

Entre as paredes do corredor comprido

Eu grito sem o eco ouvir:

- o que houve?

- Ei, tem alguém aí?

Para onde foram aqueles que estavam ainda há pouco comigo?

- Não tenho umbigo...!

ao meu redor vejo flores, algumas belas

bem diante da minha tela...

...espera.

nesse instante , fecha-se aquela janela

e surge a singela mensagem:

Seu computador já pode ser desligado.

... BOA VIAGEM.

II

E assim eu vou

Vôo com as asas do meu pensamento;

Vou num vôo, raso, suave e ascendente;

Vou, mas não vôo em vão,

Reencontro aqueloutros que me precederam doutros momentos

No momento em que a imaginação, transforma a

Imagem em ação.

O passado e o futuro já não são

Mais que uma reta infinitesimal nas linhas curvas da sublimação,

Onde todos preparamo-nos para vestir os uniformes

À retornar, reaprender, provar e expiar.

Soa o sino: um som alto retumbante e infindo;

Um velho amigo, abraça-me e me diz sorrindo:

Sua chegada há tanto tempo é aguardada...

...Seja bem vindo!

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

EM TEMPO: Compus este poema em 18/08/00 após Ter lido trechos do livro “A Memória e o Tempo” de Hermínio C. Miranda