Lobo Perdido

Observando a vida que passa pelas alegorias carnavalescas da pseudo-segurança de uma vida normal.

Sinto-me cada vez mais desprotegido e nu, indefeso contra as tempestades turbulentas do cotidiano

Descubro como menino na arte de viver, que tombos e ferimentos fortalecem mais o meu espírito do que machucam

Costuro minha armadura com trapos encontrados pelo caminho

Alimento-me das migalhas de carinho e atenção a mim oferecidas

Sobrevivo dia após dia as feridas em meu rosto e alma

Causadas por palavras displicentemente cuspidas como lâminas afiadas ou atos impensados.

Sendo eu figura maltrapilha como um Branca Leone, vago cambaleante minha estrada.

Meu orgulho dilacerado busca regeneração, minha alma em farrapos clama por redenção.

Rasgo a unha meu peito doido e como Lobo Perdido que sou devoro com fúria meu coração.

Cansado e ferido procuro no fundo do poço a água fresca da sabedoria que dissipa o veneno que corre em minhas veias, desanuviando meus olhos e meus pensamentos.

Somente após tão doloroso flagelo é que encontrarei a força necessária para quebrar os grilhões que me atormentam o espírito e mais uma vez poderei me chamar de Homem.