O TOM MAIOR DO DIVAGAR

Penso com fôlego, sem fôlego:

A mente mastiga a frase

Poder ao Povo,

E não consigo tornar exequível o sonho.

A mente vaga errante, errática

Por descampados, vácuos e reinos da impotência:

Lugares onde a miséria humana

Faz-se a eterna etérea presença!

Cavalga-me pelas pradarias da verve

A voz de Renato cantando

Vento no Litoral,

Enquanto a voz de Cazuza,

Buscando agônica

A ideologia perdida,

Adormece nas asas

Da sua precoce supernova afinal.

Ah, é quando o ladrar pressuroso

Dos cachorros expulsa

A minha consciência

Da labiríntica viagem --- até então ---

Á margem do taciturno sabor do pouso

Sobre o solo da gravitacional realidade.

Enfim sinto passear,

Pela rodovia da boca,

O antigo gosto da vida-normalidade;

Entretanto, para não deixar esta aventura

Ao bel-prazer de uma página em branco,

Procuro a flor da catarse,

Que germina e desabrocha

Como um poema prolixo, insano:

Facunda topografia do absurdo humano!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 29/09/2010
Código do texto: T2527319
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