Lembro-me?

Lembro-me de um dia suave e azul

Da chama ardendo, viva e quente

Do calor que emanavam de seus braços

puro e ardente

Lembro-me de sua voz dizendo que me amava

E que sua vida por mim fora dada

Lembro. Eu juro que lembro!

Dos dias cinzas e frios

Do barco a balançar

Mas tinha suas mãos a me segurar

E a sua voz...

Aquela que aquecia tudo por dentro

Que quebrava o gelo e me fazia mais uma vez acreditar

Eu era forte, não temia nunca o gigante

E porque temer?

A pedra de esquina estava sempre a me proteger

Lembro.

Será?

Talvez tudo não tenha passado de um sonho

Um belo sonho!

Onde foram parar os dias azuis?

E a pedra angular?!

Da sua voz só o eco persiste no ar

Já não sou mais forte

Tão pouco sei onde estou

Embora ainda o vejo em cada átomo, em cada lugar

Sei que não posso te tocar

Talvez tudo isso não passe de uma miragem

Toda essa crença, toda essa lembrança

Embora quero, com toda a minha parca força continuar acreditando

Mas tudo é tão roxo e cinza

Frio e incolor

E há tanta mais tanta dor

Como entender tantas coisas, sendo apenas um humano frágil?

Com a esperança a martelar fundo no peito?

Esperança essa que insiste e persiste

Em esperar que talvez

Aquele único par de *pegadas na areia

Sejam realmente seus!

~~°~~

* "Pegadas na areia" é uma mensagem religiosa de um autor desconhecido. Conta um sonho de um homem a caminhar pela areia junto com Deus, ficando assim sempre dois pares de pegadas, porém nos momentos mais difíceis de sua vida apenas um par de pegadas era visto. Questionando o motivo de ter sido abandonado em suas horas de aflição, o homem obteve a seguinte resposta:

_Meu filho, o par de pegadas que vês, não são seus a caminhar só em seus momentos mais difíceis, na verdade são meus que justamente nesses momentos o carreguei em meu colo.

sutini
Enviado por sutini em 28/09/2010
Reeditado em 03/11/2010
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