ESTRANHO-ME
Às vezes eu estranho minhas atitudes,
algumas vezes eu sou terno e doce,
n’outras, sou excessivamente rude.
Às vezes estranho-me ao pensar em caridade,
em algumas vezes eu até dou tudo que tenho,
outras vezes nego tudo, mas, sem maldade.
Às vezes estranho-me quando falo de amor,
embora eu fale em muitos versos, na poesia,
mas, nenhuma vez, o amor trouxe-me alegria.
Às vezes estranho-me quando penso na família,
eu tudo faço para mantê-la toda coesa e unida,
n’outras vezes, quero isolar-me numa ermida.
Às vezes estranho-me ao saber que sou dual,
com o predomínio quase exclusivo da razão,
n’outras vezes, quem me pega é a emoção.
Às vezes estranho-me ao tentar compor,
falar da morte, falar da vida e do amor
e n’outras vezes, eu ignoro até a dor.
Estranho-me por eu ser assim, dual,
numa luta entre a razão e emoção
e quem sofre com este embate,
é o coração.
Às vezes estranho-me
15/12/09-VEM